Oi pessoal!
Iremos abordar um assunto que traz muitos problemas para os
professores, como deve ser a linguagem do educador? Todos nós já passamos por momentos
difíceis com alunos indisciplinados, nos questionamos, como por exemplo, o que
eu faço com aquele aluno que bate nos outros? O que eu faço com aquele que fala
palavrão o tempo inteiro? E com aquele que não para um minuto quieto, que fica
correndo pela classe? Colocamos para
pensar e não adianta. Essas são frases que são frequentemente colocadas em
pautas em reuniões com professores e coordenadores. O post de hoje tem por
objetivo ajudar resolver esses conflitos a partir de pesquisas e estudos da
professora Telma Vinha, esse post será o primeiro sobre esse tema, acompanhe!
Os conflitos vivenciados em sala são inúmeros, desde a
relação aluno-aluno e aluno-professor, a indisciplina é um dos principais
causadores desses conflitos. Para tentar amenizar ou acabar com esses
acontecimentos muitos optam por uma educação arbitraria e autoritária, essa não
é a solução. Aí muitos falam, “Eu converso, converso e nada muda”. Tudo isso acaba sendo estressante para o aluno
e gera insegurança e desconforto ao professor que não sabe o que fazer. Pois
bem, Telma Vinha já constata o ponto chave para resolver o problema, que tipo
de ser humano queremos formar¿ Autônomo, crítico, criativo, humano,
responsável, que saiba conviver com o outro, cidadão, feliz, inteligente. Para
que isso aconteça temos que verificar se as intervenções que estamos usando são
adequadas para formar um ser humano com essas características.
Evitamos uma educação autoritária, mas não sabemos como agir diante
do mal comportamento de uma criança.
|
Se entrarmos em uma sala de aula tradicional veremos um
professor idealizando formar esse ser humano que citamos, porém nos deparamos
uma sala de aula com uma carteira atrás da outra e as crianças não podem se
comunicar, conversar. Cada um tem que ter o seu próprio material, não pode
emprestar para o amigo. A professora é quem diz o que fazer, quando fazer, como
começar, quando começar, a que horas terminar. Ela é quem determina, inclusive,
a ida ao banheiro. Isso é coerente¿ NÃO!
TRADICIONAL: É a própria professora que diz para as crianças quando
está certo e quando está errado.
|
Buscamos o ideal é não fazemos nada para alcançá-lo, Telma
Vinha ainda complementa, “Como é que queremos formar pessoas cooperativas, se
um não pode ajudar o outro, porque isso é visto como ‘cola’, como uma coisa
negativa? Quando escrevem, eles colocam o braço sobre o trabalho para o outro
não ver. Como é que eu posso formar pessoas solidárias, se cada um tem que ter
o seu, se eu não posso compartilhar os meus materiais, se eu não posso
compartilhar minhas atividades com o meu colega? Como é que eu quero formar
pessoas que saibam decidir, se o professor decide até a hora das crianças irem
ao banheiro, decide que atividade vai ser dada, como vai ser feita? Como é que
eu quero crianças que saibam viver em uma democracia, conviver com os iguais,
se eles não podem conversar? ” E agora o que iremos falar após esse argumento?Estamos agindo de forma correta diante dos nossos alunos?
Existe uma incoerência entre o objetivo e os instrumentos
utilizados para atingir esse objetivo. Se o objetivo é formar um ser humano
autônomo, criativo etc. A sala tem que ter um ambiente em que tudo isso seja possível
de acontecer. A partir disso o foco a ser trabalhado em sala de aula é a
autonomia e o desenvolvimento moral, para que assim o objetivo seja alcançado.
Um ambiente sociomoral é formado por respeito de ideias, opiniões e
emoções. Em busca da cooperação.
|
Moralidade
O desenvolvimento moral refere-se ao desenvolvimento das
crenças, dos valores, das ideias dos sujeitos sobre a noção do certo, do
errado, dos juízos.
A moral se refere ao que eu devo ser, como eu devo agir
perante o outro. Como eu devo e não como eu ajo. O estudo da moral, da ética, é
como eu devo agir.
Piaget apresenta dois tipos de moralidade.
Moral autônoma
Quando uma pessoa
governa a si mesma, é responsável pelos seus atos, leva em conta o outro
antes de tomar uma decisão.
|
Moral heterônoma
Quando a pessoa é governada pelos outros. É uma pessoa que justifica
o que ela faz, justifica o que ela sente em nome do outro, do terceiro.
|
O fundamental para Piaget é que as pessoas autônomas seguem determinadas normas porque elas acreditam que isso é o melhor para elas. Elas não seguem essas normas para receber uma recompensa, por medo do olhar externo, por medo de uma punição, de uma censura. O importante não é ser leal ou não, mas por que eu estou sendo leal.
A interação com o outro é o meio pelo qual se origina a inteligência,
ou seja, para obter o conhecimento é necessário a interação com o objeto e o
meio e desta mesma forma o conhecimento moral é adquirido com a socialização
com pessoas. A construção dos valores se dá a partir das experiências com o
outro.
Como ensinar a moralidade?
Através de histórias e apresentando sua moral? Não! A forma
pelo qual se constrói esse conhecimento são por experiências vividas no
cotidiano, onde a socialização é fundamental para que isso ocorra, não é
somente apresenta-las, mas vive-las.
Exemplo: O pai ensina a não mentir, mas quando, por
exemplo, encontra uma morena na padaria, diz para o filho: “não fala para tua
mãe que eu encontrei com a fulana”. Ou a mãe bate o carro e diz: “não conta
para o teu pai que fui eu! ”. Ou ainda quando a criança fala a verdade, é
punida, mais pelo que ela contou do que por ter falado a verdade. No entanto,
para a criança, o sentimento é de que falou a verdade e foi castigada. O que
ela está aprendendo? A criança vai percebendo que, às vezes, ela mente e não é
descoberta e que a mentira é necessária para escapar de um castigo. Essas são
as experiências que ela está tendo com as pessoas, mostrando que nem sempre ser
honesto é um bom negócio.
Por tanto devemos ficar atentos as nossas atitudes para
sermos bons exemplos.
Moralidade envolve uma série de regras e essas regras só
existem porque na convivência entre as pessoas são necessárias. Com o tempo, a
criança vai percebendo as consequências do não cumprimento da regra ou da
necessidade dessa regra existir. Na educação, é isso que tem de ser mostrado
para as crianças.
É importante associar uma regra a um bem-estar e às consequências
do não cumprimento dessa regra. Tem de haver sentido na existência da regra,
para um bom convívio social.
Espero que tenham gostado,
beijinhos*